sábado, 12 de junho de 2010

Um pouco sobre: Jimi Hendrix e o álbum Electricladyland


Esta semana temos outro colaborador, Fred Macedo, Gaitista e Produtor Musical,  um apaixonado pela musica dos anos 60 e 70. Nos conhecemos na Faculdade ainda no primeiro período, eu mal sabia andar no Rio, ele me ensinou muitas coisas por aqui, nos tornamos grandes amigos e pra mim é um prazer postar um pouco de seu pensamento musical aqui neste humilde Blog. Divirtam-se.

Ano: 1968
Selo: Plydor/MCA
Produção: Jimi Hendrix no estúdios The Record plant , new York, Olympic studios , london, Mayfair studios , new York
Nacionalidade: EUA

James Marshall Hendrix nasceu em Seattle , E.U.A., em 1942 começou a tocar violão aos 16 anos e ganhando aos 17 sua 1ª guitarra, começou a tocar em pequenos grupos. James resolveu dedicar-se a música tocando em bares e pequenos clubes com seu amigo Billy Cox numa banda chamada King Casuals. Mudando-se em 1963 para Nova Iorque começou a atuar como músico de estúdio, gravando e tocando com artistas como: Isley Brothers, Jackie Wilson e Sam Cooke, sendo mais tarde requisitado por Little Richard.
Já tendo lançado dois discos anteriormente, Are You Experienced e Bold as Love nota-se a disposição de Hendrix em experimentar todos os recursos existentes em estúdio para suas gravações, junto a proeza conseguida por Eddie Kramer, engenheiro de som que acompanhou Hendrix em sua carreira, gravando tudo em seus poucos 4 canais existentes na época. Entretanto em Electricladyland, Hendrix pode ir mais fundo pois não haviam pressões e ele próprio tomou conta de tudo tanto na produção e direção deste projeto, juntando isso a efervescência da época, Hendrix já era superstar, ele afirmava que o uso de LSD o ajudava a abrir seus canais de percepção. Estando na época o Experience se desintegrando, principalmente Hendrix e Noel Redding (baixista), Hendrix convidou outros artistas como Steve Winwood do Traffic e Jack Cassady do Jefferson Airplane, o clima desta gravação foi anárquico, mas também não foi uma produção feita nas coxas, pois Hendrix passando por uma fase detalhista, fazia vários takes serem refeitos e gravados a exaustão, aliado a várias horas trancafiado no estúdio com Kramer no processo de mixagem.
O álbum (originalmente duplo) abre com "And The Gods Made Love", experimento sonoro feito a partir da superposição de diversos vocais e solos de guitarra distorcidos, amplificados e alterados, como que à nos preparar para o que encontraremos pela frente; segue com "Have You Ever Been (To Electric Ladyland)", no qual Jimi nos convida para uma "viagem" pelo seu território. Depois, partimos para o rock Crosstown Traffic, o qual nos remete aos primórdios do grupo, para aí nos preparar para Voodo Chile verdadeiro blues urbano baseado em "Catfish Blues" - no qual Hendrix nos fala de suas raízes. Depois vem "Little Miss Strange" de autoria de Noel Redding, "Long Hot Summer Night", "Come On (Let The Good Times Roll)" de autoria de Earl King, "Gypsy Eyes" e a melódica "Burning Of The Midnight Lamp" no qual Jimi retoma um pouco do lirismo do álbum anterior . Reza a lenda que Frank Zappa havia apresentado o pedal wha-wha para Hendrix, que o teria usado nesta faixa. Em seguida "Rainy Day, Dream Away", e "Still Raining, Still Dreaming", trata-se praticamente da mesma faixa, porém entre elas de repente é como se abrisse uma janela que nos levasse para outra dimensão com "1983... (A Merman I Should Turn To Be)" e "Moon, Turn The Tides... Gently, Gently Away", uma longa suíte impregnada de experimentalismo e psicodelia, antecipando o que viria a ser chamado de "Rock Progressivo" na década seguinte.
Prosseguimos com "House Burning Down" - servindo de prenúncio para outro ponto alto do disco, uma versão inspiradíssima de "All Along The Watchtower" de Bob Dylan, que inclusive anos depois passou a interpretá-la numa roupagem "Hendrixniana". E para fechar o álbum com chave de ouro temos "Voodoo Child (Slight Return)", onde o ciclo se fecha e Jimi estranhamente parece anunciar seu futuro próximo (se eu não lhe encontrar mais neste mundo/ tentarei no próximo/ não se atrase). Na época Hendrix sugeriu uma capa no qual constava uma foto do Experience (feita pela Linda Estman - mais tarde Sra.McCartney), porém no lançamento inglês da época a gravadora optou por outra foto no qual aparecem 19 garotas nuas - reproduzida aqui pois embora contra a vontade de Jimi foi com essa capa que esse álbum ficou marcado. O título do álbum também batizou o estúdio que Hendrix construiu em Nova Iorque e praticamente não chegou a usar.